o acidental filho do trala*

28 de novembro de 2010

coisas giras por email

“Camões, grande Camões, quão semelhante…”    (Bocage e eu)

camoes           As sarnas de barões todos inchados
           Eleitos pela plebe lusitana
           Que agora se encontram instalados
           Fazendo aquilo que lhes dá na gana
           Nos seus poleiros bem engalanados,
           Mais do que permite a decência humana,
           Olvidam-se de quanto proclamaram
           Em campanhas com que nos enganaram!
          
           E também as jogadas habilidosas
           Daqueles tais que foram dilatando
           Contas bancárias ignominiosas,
           Do Minho ao Algarve tudo devastando,
           Guardam para si as coisas valiosas…
           Desprezam quem de fome vai chorando!
           Gritando levarei, se tiver arte,
           Esta falta de vergonha a toda a parte!
          
           Falem da crise grega todo o ano!
           E das aflições que à Europa deram;
           Calem-se aqueles que por engano…
           Votaram no refugo que elegeram!
           Que a mim mete-me nojo o peito ufano
           De crápulas que só enriqueceram
           Com a prática de trafulhice tanta
           Que andarem à solta só me espanta.
          
           E vós, ninfas do Coura onde eu nado
           Por quem sempre senti carinho ardente
           Não me deixeis agora abandonado
           E concedei engenho à minha mente,
           De modo a que possa, convosco ao lado,
           Desmascarar de forma eloquente
           Aqueles que já têm no seu gene
           A besta horrível do poder perene!

Enviado por Rogério Cunha 

Autor não identificado      

(Imagem daqui)

20 de novembro de 2010

Embarco ou não?

rumosEstou farto de ouvir dizer que Portugal devia ter um rumo. Ora, eu acho que o melhor para Portugal não é ter um rumo, mas vários, para o caso de alguns falharem. Cavaco Silva (o que quer menos palavras) tem um rumo; Manuel Alegre (o que até preposições sabe usar, imaginem) diz ter um rumo. O outro candidato, de cujo nome não me lembro (mas isso não admira nada, porque na verdade ninguém se lembra), também propõe um rumo, apesar de ter a palavra fanhosa e usar óculos. Há ainda um outro candidato que nunca vi mas desconfio que existe e que também tem um rumo para Portugal.

Ora, partindo do são princípio de que cada um deles terá o seu rumo próprio e que não se enfiam todos no mesmo, temos quatro rumos, quatro palavrosos/lacónicos rumos para Portugal.

Proponho que sejam eleitos os quatro candidatos e que governem o país ao mesmo tempo, munidos de rumos naturalmente divergentes. Assim, os portugueses poderiam, depois de espreitar os quatro destinos, tentar perceber qual deles é o de férias. E embarcar nesse.

(Imagem daqui)