(…mais um post fútil e parvito…)
Há agora uns gabirus na televisão que nos apresentam praticamente tudo, desde programas populares a artesãos e salsicheiros e velhinhas que fazem toalhas, velas e queijadas.
Uma ocasião, numa quente e saborosa tarde de Verão, eu estava deitado na fina areia quando verifiquei que se formara, de repente, do lado do leste, um barulhoso ajuntamento, espécie de quermesse ou micarene ou baile de bombeiros, junto ao paredão. Tinham alcatifado um recinto e pousado em cima um presidente da câmara, três guarda-sois e dois vereadores, e havia miúdas a saracotear a coluna, e outras colunas pousadas no chão, de onde brotavam ganidos do cantor de charme que garganteava as cantigas de Agosto, e uma banda a suar soar, com as guitarras desligadas, que a luz está cara. E, claro, havia a providencial caterva daqueles apresentadores basto comunicantes, cursinhos tirados nas universidades comunicaciológicas, cultura colada às pressas, muito sorriso pepsodente, pouco bom senso e praticamente nenhum talento.
Vai daí aproximei-me, muito mais para ver as pernas das bailarinas (esta miopia galopante obriga-me a aproximar cada vez mais, e mais perigosamente, deus me valha, do objecto a tocar focar) do que o talento dos rapazolas tagarelas. Mas ai, um dos pepsodentes veio ter comigo e perguntou-me de onde eu vinha. Apanhado de surpresa, disse a primeira coisa que me veio aos beiços: Unhais da Serra. Aí ele respondeu muito bem, sim senhor, Unhais da Serra! E continuou o seu trabalho. E eu fiquei a pensar ufa que sorte que tive. Se tivesse dito outra coisa qualquer, talvez não tivesse acertado… mas Unhais da Serra valeu-me um ‘muito bem’ do locutor. Há tiradas de sorte…
(imagem daqui)