Fazendo jus ao seu subtítulo, o Tralapraki parece ser o único medium que está contra a detonação de Manuel Pinho. Não faz nenhum sentido destituir um ministro pelo facto de ele ter chamado cornudo, ainda para mais em código, ao líder do grupo parlamentar do PC, Bernardino Soares. Toda a imprensa e toda a comandita oposicionista viram nisto um crime de lesa pátria ou de lesa magestade. Em vez de se ter escandalizado tanto, a Imprensa deveria, tão simplesmente, interrogar o ofendido, mais ou menos nestes termos: “Senhor Bernardino, o senhor é realmente cornudo, ou trata-se de mais uma mistificação do senhor Manuel?” Esta simples Yes/No question aquietaria qualquer ânimo, qualquer que fosse a resposta: “Sim, sou, mas o ministro tem olhos de raia e não vê a mulher vai para três meses” ou “Não, não sou! E se ele quisesse realmente saber onde está a mulher, perguntava-me a mim”.
E é tudo. Encerrava-se aqui o incidente. O ministro ficaria mais uns tempos a fazer rir os portugueses (que é disso que eles precisam), os trabalhos parlamentares seguiriam o seu rumo sem belisco e as (des)honras de todos os parlamentaralhos sairiam intocadas.
Não deixa de ser, no entanto, um pouco ousada (embora, em meu entender, não tanto como outras já conhecidas) a atitude que Manuel Pinho protagonizou. Trata-se de uma “investida” (com toda a propriedade) no campo íntimo de um deputado da nação. Qualquer dia, qualquer membro de um qualquer governo se pode dar ao escândalo de sustentar publicamente que o deputado X usa cuecas de Lycra, o Y adormece agarradinho ao Teddy Bear e o Z ouve os ABBA no carro com os vidros abertos. Isto sim, seria a desmoralização total do parlamento e do país…
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