A filosofia educacional do professor Everett J. Wilson, director do secundário na Masters School (Estado de Nova York), promove a separação dos sexos, com vista à aprendizagem diferenciada de rapazes e raparigas. A filosofia, apesar de nos parecer retrógrada e um pouco rançosa, pode muito bem estar certa, pelo menos em parte.
No meu tempo (algures entre a Antiguidade Oriental e os Beatles), não havia turmas mistas. Todos desconfiávamos da existência de raparigas, mas nenhum de nós tinha, até então, tido a ventura de estar a menos de cinquenta metros de uma delas. A primeira vez que vi uma garota numa das minhas turmas foi nos finais da década de sessenta, eu era um morceguito de 17 anos e nunca mais dei uma para a caixa nas aulas de Latim… Ainda hoje não consigo descrever a perturbação que aquela presença feminina trouxe à minha vida académica e à organização das minhas aprendizagens. (Um pouco mais tarde descobriria que o estrago que as mulheres provocam nas nossas vidas vai, de facto, muito além da nossa carreira académica).
Por seu turno, as raparigas não são menos prejudicadas nas turmas mistas, por causa das bocas impróprias ou extemporâneas da inconsequente e boçal rapaziada. De facto, é visível que a canalha do sexo masculino se costuma armar aos cágados com as suas alarvidades e que as garotas, mais maduras, acabam por lamentar o tempo que estão ali a perder na sua companhia…
Um pouco mais a sério, quem defende a teoria da separação de género baseia-se na diferença de ritmos de aprendizagem, embora não sustente, de modo inequívoco, qual dos sexos é mais rápido e qual mais lerdo.
Com um pouco de azar, perfila-se no horizonte uma nova divisão de trabalho. Basta acrescentar à questão dos ritmos de aprendizagem alguns programas, cargas horárias e disciplinas um pouco mais consentâneas com a sensibilidade do belo sexo. Et voilà.
E é assim que, em nome da eficácia educativa, se sacrifica o festivo colorido de uma turma alegremente promíscua e atarantada. Tudo no bom sentido e a bem da nação, é claro... :)
Tralapraki. (Imagem daqui)
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