Passos Coelho é muito parecido comigo quando fui Coordenador de Departamento: mandava os meus bitaites todos os dias, mas quem mandava realmente era quem me tinha lá posto. E eu continuava a mandar bitaites, e todos éramos muito felizes só por imaginarmos todos que o éramos. Sócrates é como o meu primo Valter: é vendedor de sanitas mas também faz fotografia artística e livros de autor com badana e tudo, capa rija e isenção de IVA. Portas é como eu quando não sou Coordenador de Departamento nem tenho qualquer outro cargo: acho que tudo está mal e que todo o trabalho desses órgãos é absolutamente imprestável. Jerónimo é um homem honesto, no sentido mais vacilante do termo. É tal e qual o meu primo Zé Tó. Motorista de uma locomotiva há muito parada, olha | pela janela a ver se algum transeunte lhe dá um empurrão. Mas se alguém lho der, ele salta fora da máquina mal ela pegue… O Francisco é como o meu primo Basílio: açougueiro de profissão, bota faladura requintada sobre as carnes que vende, sem no entanto fazer ideia da sua verdadeira proveniência. Espreita a rua através das fitinhas coloridas da sua porta estreita e, se alguém entra é freguês, ainda que seja um vega que ali entre por engano. O FMI não sei quem é, apesar de já me ter cruzado com ele uma ou duas vezes. Só sei que faz muito bem ao país e muito mal às pessoas que vivem dentro dele… Mais coisa menos coisa, temos que escolher entre aqueles líderes, como se estivéssemos, de facto, a escolher entre mim e os meus primos Valter, Basílo e Tó Zé. A diferença não seria colossal. Provavelmente, nem perceptível. |
Sem comentários:
Enviar um comentário