Em 1974 fui a uma discoteca pela última vez. Era, até aí, um indefectível frequentador de Sexta a Domingo. Entrava, escuro prometedor, escuro amigo dos feios, regenerador, inebriante escuro… Depois, luzes aturdiam o olhar, todas as mulheres eram belas, muito mais que na praia, muito mais que as nossas. (As nossas mulheres nunca foram à discoteca. Se elas lá estivessem, nunca mais seriam nossas.)
Num desses dias de Verão eterno de 74, fui à mesma discoteca de sempre, mas durante o dia. Aquilo abriu as portas de par em par para proceder a umas obras de redecoração. Quando entrei fui logo saudado por um odor ácido, corrosivo, acre. O estofado dos bancos era uma nódoa só, uma nódoa incrustada de gorduras várias, de cerveja, de batidos, de sémen, de vómito, por esta ordem ou em simultâneo. Não sabia que o sonho da festa se passava nesta degradaçáo. Nunca mais entrei nesse botequim. Nem noutro qualquer minimamente similar...
(Imagem daqui)
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